AUTORIA

Rubem Gama e Flávia Porto

TRADUÇÃO

GERENTE RESPONSÁVEL

DIRETOR RESPONSÁVEL

INTRODUÇÃO

O gás natural possui um papel importante na produção de energia ao redor do mundo, sendo visto como combustível de transição para matriz enérgica mundial.

Contudo, a constante pressão da sociedade por reduções ainda maiores na emissão dos gases, os quais são responsáveis pelo efeito estufa, cria um cenário incerto para o protagonismo do Gás Natural na matriz energética mundial, em virtude do desenvolvimento tecnológico das alternativas renováveis.

 

O CENÁRIO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Os Gases do Efeito Estufa (GEE) compreendem CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano) e NO2 (Óxido nitroso), sendo o setor de geração de energia responsável por ¾ do total global de emissões.

Embora os padrões de emissões variem amplamente entre os diferentes tipos de combustíveis, e dependendo do projeto, há uma hierarquia clara, com combustíveis fósseis (carvão, óleo e gás natural) sendo os principais emissores.

Nesse sentido, recente relatório do IPCC sinaliza que, para se alcançar o objetivo de limitar o crescimento da temperatura global em 1,5 °C, seria necessária a interrupção de todas as plantas de geração de energia elétrica por carvão e gás natural ao longo da próxima década.

 

O CRESCIMENTO DA DEMANDA MUNDIAL DE ENERGIA ELÉTRICA

A Geração Elétrica em nível mundial aumentou 75% entre os anos 2000 e 2020, capitaneada principalmente pelo crescimento em países da Ásia-Pacífico e Estados Unidos.

No período, foi observada uma maior diversificação da matriz, com incremento da participação de fontes renováveis na matriz.

Fato é que, a necessidade de conferir segurança de suprimento, o custo do combustível e padrões de demanda exercem forte influência na composição dessas matrizes e, mesmo os países com matriz elétrica mais diversificada, ainda dependem predominantemente de combustíveis fósseis, com fontes domésticas complementadas pela importação.

 

A PARTICIPAÇÃO DO GÁS NATURAL NA GERAÇÃO ELÉTRICA

Ao longo dos últimos anos, foi observado um crescimento relevante do uso de gás natural na geração de eletricidade, em função principalmente dos seus benefícios ambientais frente às demais fontes fósseis, aliado à facilidade de implementação favorecida pelos avanços tecnológicos do Gás Natural Liquefeito (GNL).

Atualmente, o gás natural representa 25% do consumo primário de energia em nível mundial e responde por uma parcela de 23% da geração de energia elétrica, sendo este o principal uso final do combustível, representando cerca de 40% da demanda mundial de gás natural.

No entanto, no cenário atual, onde planos internacionais, como o US Infrastructure Bill e EU ‘fit for 55” Legislative Package, apresentam diretrizes claras para cenários de baixo carbono, e fortalecem a expansão de alternativas renováveis, discute-se o papel do gás natural enquanto combustível de transição.

 

OS DESAFIOS DA DESCARBONIZAÇÃO DA MATRIZ ELÉTRICA MUNDIAL

Apesar do predomínio das fontes fósseis no setor elétrico mundial, o avanço da adoção de fontes renováveis ao longo dos últimos anos é extremamente relevante e deu-se principalmente em função do desenvolvimento tecnológico que resultou no aumento da sua competitividade em relação aos combustíveis fósseis, em especial para as fontes solar e eólica.

Políticas governamentais de incentivo adotadas em diversos países do mundo também vêm contribuindo para a expansão das renováveis nas matrizes elétricas dos países.

Por outro lado, dentre os principais desafios, destaca-se os relacionados à intermitência da maioria dessas fontes, dada a dependência de condições climáticas favoráveis à geração (irradiação, regime de ventos e índice pluviométrico, por ex.), o que pode comprometer a segurança de suprimento.

Adicionalmente, questões ambientais relacionadas a produção e disposição final de painéis solares e turbinas eólicas ainda precisam ser superadas.

Assim, o desafio pousa em como atender à crescente demanda de energia, acelerando a aposentadoria e/ou reduzindo os impactos relacionados aos combustíveis fósseis, enquanto se acelera o a participação das fontes renováveis na matriz mundial.

Com o avanço da utilização do gás natural no setor, enquanto combustível da transição, discute-se atualmente o potencial de aplicação de novas tecnologias, como captura e sequestro de carbono e gás natural de baixo carbono, e mecanismos de compensação de carbono. Seriam essas soluções capazes de endereçar os desafios ora postos e conferir sobrevida a utilização das fontes fósseis, garantindo a tão necessária segurança energética em um cenário de combate às mudanças climáticas?

Por exemplo, adicionar o processo de captura e sequestro de carbono pós-combustão tem o potencial de reduzir o fator de emissão do gás natural em cerca de 90%, mas não impedem sua emissão em primeira instância.

 

CONCLUSÃO

O setor elétrico é o mais intensivo no uso de combustíveis fósseis e, consequentemente, o maior emissor de Gases do Efeito Estufa mundialmente. Em um cenário de combate às mudanças climáticas, torna-se premente a descarbonização dessa matriz.

De fato, ao longo dos últimos anos, observou-se a expansão da utilização do gás natural (alternativa menos emissora dentre as fósseis), sendo este setor o maior demandante deste energético, representando um mercado promissor, graças especialmente aos avanços tecnológicos do GNL. Em paralelo, pressões pela descarbonização na geração elétrica, associadas ao aumento da competitividade e incentivos governamentais, vêm aumentando a participação das fontes renováveis.

No entanto, dada a intermitência característica das principais alternativas não-fósseis disponíveis (solar, eólia e hidráulica) e a necessidade de conferir segurança energética aos países do globo, urge a necessidade de desenvolvimento e aplicação de tecnologias capazes descarbonizar o gás natural, além de investimentos no aumento da eficiência do setor, favorecendo, assim, sua consolidação e expansão no mercado enquanto combustível da transição.

 

 

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