Lide (Grupo de Líderes Empresariais) – 03 de setembro de 2020
Os serviços de Smart Home Energy Management, referem-se, geralmente, a controles de termostatos, ar condicionado, controle da calefação nos países frios, além de serviços de sensores de temperatura, umidade e de previsão do tempo ligados ao conceito mais amplo de casas inteligentes: todos conectados por assistentes digitais, como os fornecidos pelas grandes empresas tecnológicas. Estes serviços são funcionais e estão primariamente focados em reduzir o consumo, a poupar energia, incluindo progressivamente o armazenamento em baterias e sistemas inteligentes, além da geração com sistemas de geração distribuída.
A geração de energia distribuída se tornará uma agenda importante para o mercado consumidor no Brasil nos próximos anos, em que os vários produtos e serviços para casas inteligentes relacionadas com o consumo, aliado às tecnologias de armazenamento, vão permitir uma independência energética das residências. “O mercado mundial de gestão de energia para casas inteligentes vai crescer com Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR) de 20% e superar 11 bilhões de dólares, em 2023. No Brasil, este mercado deve chegar a valer até 300 milhões de dólares no mesmo ano”, estima Paolo Re, sócio da Bip Brasil, consultoria global.
Também há um grande potencial para a integração de veículos elétricos com as casas inteligentes, uma vez que estas servem à rede como meio de armazenamento de energia. “Isto faz com que o mercado cresça com taxas interessantes na Europa e nos Estados Unidos, em que cada um vai contribuir com cerca de 1/3 do mercado. No entanto, a maior taxa de crescimento será na China, onde é esperado um crescimento das casas inteligentes com uma CAGR de 30% ao ano”, explica Paolo Re.
Gestão de energia
A abundância de regiões com muitas horas de sol por dia, faz do Brasil um ambiente fortemente favorável para a geração distribuída. Tanto que, segundo Re, o número de consumidores e geradores de energia que não pertencem às classes A e B está aumentando. “O tamanho do país e algumas dificuldades crônicas das redes, fazem com que o armazenamento seja muito atrativo para os consumidores finais nos estados menos populosos. A redução nos preços das baterias também está tornando mais acessível o armazenamento e, consequentemente, os serviços de back-up, quando ocorre blecaute, a redução de pico de demanda, além de evitar multas por ultrapassagem da carga máxima e gestão do horário do consumo, com a redução nos horários de preço maior”, destaca.
Em razão das tarifas cobradas pelas concessionárias, a solução mais procurada para redução dos custos com energia elétrica em residências é a instalação de painéis fotovoltaicos, também conhecidos como energia solar. Tratam-se de equipamentos compostos por células solares e inversores, capazes de captar e converter a luz do sol em energia elétrica, e então, ser distribuída para as as residências, detalha o diretor da Apex Soluções, Guilherme Martins.
As principais vantagens obtidas com o uso do sistema são, segundo Martins, a redução no custo com energia elétrica, sustentabilidade, baixa necessidade de manutenções, redução da poluição e taxas de carbono, assim como a valorização do imóvel. Por outro lado, atualmente os maiores desafios estão relacionados às dúvidas dos consumidores e não mais ao custo do equipamento, que, por sua vez deixou de ser um revés, aumentando a rentabilidade dos projetos.
Para a companhia, o aumento da procura por projetos fotovoltaicos em residências, ocorreu nos últimos 12 meses, tendo aumento significativo de aproximadamente 30% no momento atual da pandemia causada pelo novo Covid-19, em que os consumidores começaram a acompanhar de perto o consumo e o custo. Com isso, buscam soluções eficientes que possam proporcionar redução nos gastos com energia elétrica.
Compartilhamento
Dentro dos serviços Smart Grid voltados para os consumidores residenciais, a empresa Sun Mobi, além de oferecer a possibilidade de escolha de uma fonte de energia limpa e sustentável, disponibiliza um pacote de serviços exclusivos que inclui o acompanhamento ativo do consumo de energia e o estímulo à adoção de ações que evitam desperdícios, feito por meio da medição inteligente do consumo de energia e de orientações em favor da redução de desperdícios.
Para tanto, são usados medidores inteligentes, que permitem o acompanhamento em tempo real do consumo de energia, explica Alexandre Bueno, sócio da Sun Mobi. “Nosso sistema possibilita que o consumidor tenha uma relação mais próxima e consciente dos usos da energia. Basta, por exemplo, ligar o ar condicionado para identificar seu impacto na rede imediatamente. Logo, o cliente que entende melhor o seu comportamento e seu consumo tende a ser mais sustentável, com isso, também gasta menos. Estudos da Universidade de Oxford comprovam que esse tipo de ação permite economizar até 15% de energia. Vários clientes nossos já registraram economias superiores a 25%”, relata.
De acordo com o executivo, o monitoramento é oferecido para todos os clientes, mudando apenas o meio de como é feito. Os que ocupam edificações menores, com gasto de até 1.000 kWh por mês, por exemplo, recebem um relógio de mesa que apresenta informações instantâneas sobre o consumo. Já clientes de maior porte podem verificar o consumo on-line em qualquer lugar, via App, que também possibilita monitorar a geração em tempo real das usinas solares da empresa, traz relatórios individuais específicos do cliente e um canal de relacionamento com a empresa. “Em breve, a empresa vai lançar um sistema de alarmes para alertar imediatamente o cliente caso seja verificado algum consumo muito diferente do padrão, podendo indicar algum desperdício. Atualmente, isso já é feito por meio de relatórios mensais detalhados. Tais serviços não são prestados por nenhuma distribuidora no Brasil”, evidencia.
Smart Buildings
Quando falamos sobre consumo de energia em edificações é primordial mencionar também, quão importante é a questão sustentável. De acordo com Marcos Matias, presidente da Schneider Electric, ter um edifício inteligente permeia os aspectos ambientais, profissionais, pessoais e financeiros. “A Schneider acredita que é possível termos um mundo mais sustentável e que as edificações são parte significativa da produção de carbono no mundo e todos nós devemos buscar por tecnologias que consigam realmente reduzir o consumo não pensado de energia elétrica. Esse é o real conceito de um edifício inteligente”, defende.
Na opinião do executivo, não se pode chamar de inteligente um edifício que desperdiça energia, paga mais caro por isso, aumenta os riscos e não entrega um ambiente confortável aos seus ocupantes. Segundo ele, o conceito de um edifício inteligente tem que ter a capacidade de monitorar os insumos. “Não digo apenas energia elétrica, mas, também, o uso sustentável de água, gás, diesel e uma série de outros insumos. Também devem ser considerado smart os edifícios que consigam melhorar o bem-estar dos ocupantes, entregando um ar condicionado de qualidade, livre de germes, fungos e bactérias, sem contar as trocas constantes de ar para reduzir o contágio de doenças transmitidas pelo ar. Inteligente também é o fato de saber ocupar melhor os ambientes internos considerando as recentes mudanças onde o home office pode mudar a maneira em que os prédios serão ocupados pressionando ainda mais por redução de custos”, detalha.
Link da matéria: https://ecrie.com.br/sistema/conteudos/arquivo/a_66_0_1_01092020144153.pdf