AUTORIA

Luigi Iervolino

TRADUÇÃO

GERENTE RESPONSÁVEL

DIRETOR RESPONSÁVEL

Diante de um mercado altamente competitivo com players cada vez mais digitais, as empresas de Telecomunicação estão sendo muito pressionadas a reduzir custos, simplificar os processos de negócios e encontrar novas fontes de receita. Neste cenário, você não pensaria em blockchain como primeira opção, porém esta tecnologia pode ter um importante papel em criar valor para as operadoras.

Mas como o blockchain se diferencia de outras tecnologias existentes? Basicamente, ela permite manter o histórico de transações em redes distribuídas de servidores. Se alguém tentar adulterar, duplicar ou alterar qualquer parte do registro, todas as partes interessadas terão conhecimento. Além disto, o Blockchain grava todas as alterações no registro de dados e permite reconstruir facilmente o histórico. Com isto, garante segurança, rastreabilidade e transparência aos dados das transações.

Ao meu ver, uma das principais aplicações do blockchain, além das famosas criptomoedas, são os Smart Contracts. Ao invés de um pedaço de papel, os “Contratos Inteligente” são escritos em códigos, onde são definidas as regras e as consequências previstas no contrato.

O Smart Contract verifica e reforça a negociação/aplicação de um contrato, e se faz cumprir por si só, após a transação ser concluída. Ou seja, funciona como uma função “auto-executável”, automática. Essa função possibilita transações entre pessoas desconhecidas de um modo mais confiável e sem a necessidade de um intermediário. A ausência desse terceiro influi diretamente no custo da transação, o que possibilita menor preço para o cliente, além de aumentar a liberdade para que os negócios sejam geridos de acordo com a preferência dos envolvidos no processo. 

Como o Blockchain está sendo aplicado nas empresas de Telecom

Como em todas as indústrias, as operadoras de Telecom também têm forte interesse em utilizar a tecnologia Blockchain. E, entre os casos de uso que estão sendo experimentados, destaco alguns:

Pagamentos via celular

Em 2017, foi criado o Carrier Blockchain Study Group (CBSG) como consórcio entre operadoras do mundo inteiro com o objetivo de estudar casos de aplicação do blockchain na indústria de Telecom. Incialmente criado pelas operadoras Sprint (EUA) e Softbank (Japão), o consórcio ganhou adesão e, em julho de 2018, já contava com 12 membros: Xiata, PLDT, Telin, Turkcell, Viettel, Zain. They join Etisalat, Far EasTone, KT, LG Uplus, SoftBank and Sprint. Entre os casos de uso que estão sendo estudados, vale citar a criação de uma plataforma que permite pagamentos via celular entre operadoras. Por exemplo, as operadoras Sprint e Softbank, em conjunto com a startup TBCASoft, permitem que clientes do Softbank no Japão viajem para as EUA e paguem em dólares usando o celular.

Reconciliação entre operadoras de roaming internacional

O processo de roaming internacional gera uma quantidade enorme de dados. As operadoras trocam informações de ligações ou tráfego de internet em roaming assim que os clientes recebem o valor da fatura. E, caso qualquer informação esteja faltante ou errada, inicia-se um processo demorado e complicado de reconstrução da transação.

No primeiro semestre do 2018, as operadoras Colt (UK), BT (UK), HGC Global Communication (Hong Kong), Telefonica (Espanha) e Telstra (Austrália) comunicaram ao mercado que estão testando o uso do blockchain para os pagamentos do roaming internacional entre as operadoras. As transações dos clientes em roaming em tempo real são gerenciadas por uma plataforma baseada em blockchain que verifica as informações e executa o quanto foi definido entre as operadoras com base em Smart Contract.  Em 2018, uma plataforma parecida já foi lançada também pela operadora Sul Coreana KT e está sendo testada juntamente com os gigantes China Mobile (China) e NTT DoCoMo (Japão).

Marketplace para roaming internacional

Indicada pela Forbes em dezembro de 2018 como startup “destruidora” no mundo das telecomunicações, a Bubble Tone criou o primeiro marketplace no mundo baseado em blockchain que conecta clientes e operadoras. A empresa permite que os clientes estrangeiros possam fazer ligações e navegar localmente sem trocar o SIM, contratando pacotes oferecidos por operadora local via marketplace e pagando diretamente na fatura da própria operadora. A operadora contratada pelo cliente recebe automaticamente os valores da operadora do cliente através Smart Contract.

Mas por que o Blockchain ainda não é muito utilizado?

Como todas as tecnologias, o blockchain também está passando por uma fase de amadurecimento, que é fundamental para que seja adotada em larga escala. Se lembrarmos no caso da Internet, por exemplo, esta demorou mais de 10 anos para ser amplamente utilizada. Além disto, existem ainda alguns problemas de segurança que precisam serem resolvidos para proteger as informações de hackers e garantir a segurança que as empresas estão buscando.

Mas, como procurei demonstrar, as empresas já estão experimentando diversos casos de uso do blockchain e nos próximos anos certamente assistiremos a uma forte aceleração de aplicação.

Com todas estas evidências, o importante é que as operadoras de Telecom não fiquem de fora e aproveitem esta tecnologia e todas as suas possibilidades.

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