Com onda antirracista, Suvinil muda nome de cores; ‘pele de pêssego’ agora é ‘rosa laranja’

30 de Junho de 2020 – O Globo

Mudança faz parte de reposicionamento da marca e acompanha alinhamento de empresas em ações contra discriminação e preconceito

Por Karen Garcia

RIO —  Em um país miscigenado, o conceito “cor da pele” é plural. Em respeito a essa diversidade, a Suvinil, do grupo Basf, mudou o nome de oito cores de seu portfólio de tintas de parede, que faziam referência a características étnicas.

Títulos como “pele de pêssego” e “pele bronzeada”, foram transformados em rosa laranja e cogumelo shitaque, se distanciando assim do viés que pode ser considerado racista nos termos antigos.

A decisão foi tomada pelas empresa num momento em que marcas do mundo todo sofrem crescente escrutínio sobre práticas que podem contribuir com o racismo e são pressionadas a assumir compromissos antirracistas. Boa parte dessa cobrança vem de movimentos nas redes sociais.

No setor de cosméticos, a L’OrÉal decidiu retirar expressões como “clareamento” e “branqueador” de seus produtos. Outras marcas, como Coca-Cola, Starbucks, Pepsi e Unilever suspenderam anúncios no Facebook e Twitter em campanha contra discurso de ódio nas redes sociais.

A revisão dos títulos da paleta de tintas da Suvinil faz parte do reposicionamento da marca, que deseja ser mais inclusiva e dialogar com os diferentes públicos, explica o vice-presidente de Tintas Decorativas para a América do Sul, Marcos Allemann.

—  Essa mudança tem como objetivo nos aproximar das diversidades brasileiras. É algo que vem sendo amadurecido ao longo desses últimos dois anos e se materializa com a mudança do nome. Trazemos uma marca mais próxima do consumidor, mais empática e atual.

Allemann explica que, por mais que a mudança possa parecer simples, tem um peso significativo devido à atuação da marca em âmbito nacional e o aspecto simbólico da pintura na vida dos consumidores, parceiros e colaboradores.

—  A paleta de cores que temos distribuído no mercado é referência para profissionais de design, arquitetos, pintores. Ela está nos lares de grande parte dos brasileiros. Tem um viés subjetivo porque a pintura de uma casa sempre está relacionado a algo emocional.

Segundo a empresa, foram investidos cerca de R$ 200 milhões de reais no processo de transformação de seu propósito, que incluiu ampla pesquisa de mercado, revisão dos produtos, atualização de embalagens, materiais de marketing e operacional.

‘Reparação histórica’

A nova postura parte de dentro com um trabalho colaborativo e alinhado com a política de diversidade da empresa, que conta com grupos de afinidades sobre questões de gênero, raciais, LGBTQ+ e pessoas com deficiência.

Com mais de 1.800 opções de cores, a Suvinil completa 60 anos no ano que vem. Para Marcos Allemann, a ação é quase uma reparação histórica pelo período em que as tonalidades se baseavam apenas nas peles claras.

—  É quase um trabalho para compensar alguns privilégios que tivemos ao longo do tempo.

Para a gerente de Recursos Humanos e líder de Diversidade da consultoria Bip, Cristiana Chaves, afirmar posicionamentos antirracistas em produtos é um sinal de comprometimento com a mudança.

— Reflete as questões da sociedade e devolver em forma de produto é a melhor forma de a empresa trabalhar essas questões antirracistas.

Movimento de diversidade

Com a onda de protestos antirracistas nos Estados Unidos, as empresas têm se manifestados como aliadas à causa.

Recentemente, a Johnson& Johnson anunciou uma nova linha de curativos da Band-Aid com diferentes tons. O produto será lançado nos EUA em 2021 e ainda não tem previsão de chegar no Brasil.

De acordo com Silvio Silva, diretor comercial da Johnson & Johnson no Brasil, a marca está dedicada à inclusão e em promover as melhores soluções de curativos adesivos que representem seus consumidores.

—  Trabalhamos para proporcionar diariamente um ambiente de trabalho inclusivo onde cada colaborador possa ser considerado em sua individualidade. Temos muito a discutir e a realizar, mas temos certeza de que vamos fazer ainda mais porque temos total apoio das lideranças e estamos alinhados profundamente com os valores da companhia.

Na visão de Cristiana Chaves, as ações de empresas tradicionais contra o racismo faz com que a agenda ganhe mais força no mundo corporativo e influencie outras camadas da sociedade.

—  O despertar das organizações acontece na medida em que elas vão evoluindo e se desenvolve um olhar minucioso para as questões de diversidade.

Link: https://oglobo.globo.com/economia/com-onda-antirracista-suvinil-muda-nome-de-cores-pele-de-pessego-agora-rosa-laranja-24506388

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