Como se deu o crescimento de M&A em Óleo e Gás
Em meio à turbulência na indústria global de petróleo e gás, crescem os processos de M&A, exigindo respostas rápidas das empresas na reestruturação organizacional e condução do processo de mudança para capturar as potenciais sinergias.
Nos últimos três anos, a indústria global de petróleo e gás viveu períodos extremamente turbulentos, primeiro em função da pandemia da Covid e depois da guerra entre a Rússia e Ucrânia. Oscilações bruscas no preço do barril, redução da demanda por petróleo, inviabilização da produção de petróleo em vários países, possibilidade de desabastecimento, entre outros aspectos, foram alguns dos eventos que ocorreram durante esse período.
Essas turbulências exigiram uma revisão dos programas de investimentos das empresas de petróleo, buscando maior disciplina de capital e maior eficiência de suas operações. Todavia, isso não significou necessariamente um corte nos novos projetos desses players, mas sim um redirecionamento na forma de atuação e nos segmentos escolhidos. Além de um maior enfoque em energia limpa, observa-se também uma tendência – que já vinha antes da pandemia – de maiores investimentos em projetos via M&A (fusões e aquisições) do que greenfield (investimentos novos), principalmente nos segmentos de midstream e downstream.
A tendência de M&A no Brasil
No caso brasileiro, essa tendência se reforça com a estratégia de desinvestimentos da Petrobras, cujo principal é pilar a saída da companhia de setores de logística e distribuição, bem como a redução da sua participação no refino nacional. Esse movimento promove a entrada de novas companhias nacionais e estrangeiras nos midstream e downstream do Brasil. Para atuar em um novo mercado, essas companhias, de forma geral, precisam rapidamente se adequar a uma nova realidade visando garantir a competividade dos ativos adquiridos, bem como realizar mudanças necessárias para alavancar sua geração de valor.
Durante o período de cinco anos de 2021-2025, o investimento acumulado do setor energético global deve aumentar 18% em comparação com o período de 2016-2020. Nesse período, os gastos em transmissão e distribuição em energia devem aumentar em US$ 433 bilhões, seguidos pelas energias renováveis em US$ 367 bilhões e pela indústria de petróleo e gás em US$ 209 bilhões, segundo estimativas divulgadas pela S&P Global.
O cenário da indústria de Óleo e Gás
Mais especificamente na indústria de óleo e gás, levantamento da área de Research da consultoria BIP mostra que, mesmo com o cenário turbulento de pandemia e guerra da Rússia e Ucrânia, os investimentos via M&A, no segmento de midstream e downstream, cresceram nos últimos anos. Entre 2013 e 2018, houve uma média de 99 episódios de fusões e aquisições, enquanto entre 2019 e 2021 esse número saltou para 153, um crescimento de 55%. Já em 2022, o primeiro trimestre registrou o recorde no midstream com 120 fusões e aquisições. As principais operações ocorreram em países em desenvolvimento, como no caso dos terminais de GNL Quintero do Chile e da distribuidora da PKN Orlen.
O Brasil não ficou de fora dessa “onda”. Os últimos anos foram marcados por uma forte transferência patrimonial nesses segmentos, principalmente por parte da Petrobras para outros players. De 2019 a 2021, a estatal vendeu 12 ativos de midstream e downstream que se traduziram num volume de negócios de R$ 77,6 bilhões. Além da Petrobras, outros grandes players, que atuam no país, também investiram na aquisição de outras empresas. A Raízen, por exemplo, comprou ativos de distribuição, logística e renováveis nesse período.
Essas operações de venda da Petrobras, em alguns casos, trouxeram novos atores para o mercado nacional de logística. As vendas da RLAM e da BR Distribuidora resultaram na formação de duas novas empresas, a Acelen e a Vibra, respectivamente. Em outros casos, empresas já consolidadas no país também adquiriram ativos da petrolífera brasileira. A Transportadora Associada de Gás (TAG) foi comprada pela gigante francesa Engie, enquanto a distribuidora Liquigás foi desinvestida para um consórcio liderado por dois grandes competidores nacionais, a Copagaz e a Nacional Gás.
Todos esses movimentos vêm fomentando respostas dos competidores em diferentes mercados. Por exemplo, como resposta à ação da Copagaz e Nacional Gás, a Ultragaz e Supergasbrás anunciaram, na primeira quinzena de julho de 2022, que submeteram ao Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) um contrato de consórcio para o compartilhamento de parte de suas operações e de infraestrutura de bases de armazenamento e envase de GLP.
Oportunidades e desafios do setor
Se esses negócios trazem grandes oportunidades, simultaneamente, carregam desafios significativos para todos os players envolvidos, como a necessidade de mudança cultural, a reestruturação de processos, a reavaliação de projetos operacionais, a modernização de gestão, entre outros. Torna-se necessária a implementação uma série de mudanças operacionais e de gestão, visando ajustar a empresa recém-adquirida ao objetivo estratégico do comprador, alavancando a geração de valor e assegurando a sua competitividade.
Muitas dessas empresas ou não tem know-how em algumas atividades desses novos segmentos, ou não possuem um amplo conhecimento do mercado brasileiro. Por isso, a busca por um suporte que vise apoiar a superação desses desafios é fundamental.
A atuação da BIP Brasil no setor de Óleo e Gás
A BIP tem atuado nos últimos anos ao lado de várias empresas com essa missão de se adaptar rapidamente a um novo contexto de mercado, após a realização de um processo de M&A. A consultoria já realizou projetos, como planejamento pós-fusão, preparação de novos planos operacionais, revisão de portfólio de projetos, reorganização da relação com clientes e outros stakeholders, reestruturação interna a partir da Transformação Digital, entre outros.
A partir das experiências observadas nesses diferentes projetos, fica clara a importância da condução de um processo pós M&A que leve em considerações aspectos culturais e que seja conduzido considerando variáveis de gestão da mudança. Projetos com esse foco consideram um conjunto de ferramentas com objetivo de liderar o lado humano da mudança, visando aumentar a geração de valor de um negócio, para todas as empresas que passam por essas transformações.
Características indispensáveis em um projeto
Um projeto adequado de gestão da mudança deve integrar, numa mesma visão, um plano de comunicação para os todos os stakeholders envolvidos, reavaliação de processos do novo negócio, redesenho do plano de operações, bem como reestruturação da gestão de pessoas, mitigando potenciais resistências e engajando toda a equipe.
Recentemente, a BIP participa com êxito de projetos dessa natureza na indústria de óleo e gás, conduzindo todas as ferramentas a partir de métodos ágeis visando aumentar a geração de valor e acelerar as adaptações que são necessárias. A consultoria já conduziu esses processos de forma ágil e integrada e, como resultado, tem ficado evidente que as empresas envolvidas em processos de M&A conseguem implementar as mudanças de forma mais acelerada, diluindo custos e monitorando continuamente potenciais riscos.
Cada vez mais isso é necessário, já que essa tendência de maior concentração e concorrência deve se manter, em especial no midstream e downstream. Os novos players, que buscam “sair na frente” e adaptar mais rapidamente seus processos e operações a uma nova realidade, não podem abdicar desse tipo de suporte. Caso contrário, essas empresas podem perder o “timing” da mudança e, em vez de uma oportunidade de crescimento, a entrada em novos mercados pode se transformar em obstáculos contínuos.
A BIP O&G
A BIP é uma consultoria estratégica e vem atuando no Brasil e no mundo, junto a grandes players do mercado, operadoras e prestadoras de serviço, apoiando nossos clientes com um corpo técnico especializado na indústria de O&G em seus desafios que passam por aumento de eficiência operacional, jornada da transformação digital, gestão de portfólio, ESG e outros.