A ABFintech, associação das fintechs, anuncia que a partir de setembro as fintechs começam a lançar soluções para a plataforma open banking baseadas em serviços de gestão financeira pessoal (PFM) para micro e pequeno empreendedor, afirma Rogério Melfi, coordenador do GT de Open Banking da ABFintech e especialista em Novas Plataformas da Tecban.
Há um movimento intenso de parcerias, segundo ele, entre fintechs e instituições financeiras no país e no mundo para atender as demandas do open banking. “Se olharmos o movimento global, a Visa anunciou, há cinco dias, acordo para comprar a plataforma europeia de open banking Tink por US$ 2,2 bilhões”, disse. A Tink é usada por mais de 3.400 bancos e outras instituições na Europa.
Na sua opinião, o Banco Central ouviu o mercado, conversou com instituições e participantes e tomou a decisão acertada em adiar a agenda do open banking, fatiando a fase dois em quatro ciclos para dar fôlego aos bancos, reduzir a complexidade e priorizar a entrega de valor para o usuário.
“No open banking, a parte de transmissão de dados não é vantagem estratégica para ninguém. O valor está na recepção dos dados. Nesse sentido tem muitas fintechs e instituições trabalhando em criar experiência para jornada do consumidor”, afirma Melfi.
Os associados da ABFintech, segundo ele, estão divididos entre os que desejam ingressar imediatamente para colher os benefícios da plataforma e os que querem considerar a visão mais fatiada do processo. Segundo ele, o open banking começa com soluções que muitas vezes não vão agradar o mercado, mas daqui a três anos se tornarão imprescindíveis e nem será preciso lembrar que teve o open banking por trás.
Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC, associação dos bancos digitais disse que a adequação da agenda do BC é benéfica para o sistema, especialmente frente às demandas dos bancos, sobretudo os de médio e pequeno porte, para entregar implementações do Pix e da resolução 4.734, que versa sobre os registros de recebíveis de cartão de crédito.
Correspondentes bancários
O BC decidiu postergar a proposta da nova fase de oferta de crédito para março de 2022 para resolver a questão normativa legal referente a regulação dos correspondentes bancários de forma eletrônica, que ainda não está definida para o mercado.
“A forma eletrônica hoje ainda é um conceito muito amplo. Há, por exemplo, alguns marketplaces no mercado, que permitem o acesso à propostas de crédito com valores e prazos. A padronização do correspondente bancário, no entanto, facilitará a portabilidade e a função de multiplataforma no open banking, que passa a acirrar a competitividade, oferecer melhores taxas e mais eficiência ao sistema”, diz Luiz Fabbrine, líder de serviços financeiros da consultoria italiana Bip, que apoia bancos de médio e pequeno porte a ingressarem no open banking.
O BC manteve a fase quatro do cronograma, referente à conexão com o open finance. A previsão inicial era de que até 15 de dezembro todos os produtos de câmbio, previdência e seguros fizessem parte do open banking. Porém, conforme a nova agenda, só serão compartilhados os dados de taxas, cadastros de produtos sem os dados transacionais do cliente.
A intenção do BC foi alinhar essa fase à data determinada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), de 31 de maio de 2022, para iniciar o compartilhamento de dados de seguros. Trata-se de um ajuste positivo para ter maiores players engajados na plataforma.
A Febraban também apoiou o adiamento e afirmou, em nota que “continua fortemente engajada com o projeto e apoia a estratégia de implementação do open banking apresentada pelo BC por considerar um processo natural dentro de um projeto de tamanha complexidade e magnitude”.